Foi dessa preocupação que surgiu o AfroSaúde. Arthur Lima, dentista e fundador do projeto, compartilhou a ideia com Igor quando foi procurado por uma colega que lhe pediu indicação de um profissional negro que fizesse tratamento de canal. A demanda vinha de uma paciente, também negra, que já havia passado por situações de racismo durante uma consulta odontológica.
Ao ouvir a história, Igor, que tem foliculite capilar, percebeu que também nunca havia sido atendido por um médico negro. “E se existisse uma ferramenta que tornasse esse encontro mais fácil?”, pensaram. Para o paciente negro, ter um profissional que entenda os seus problemas é essencial. Não apenas pela representatividade e acolhimento, mas pelo conhecimento das especificidades dessa população. “O profissional negro tem um olhar mais apurado sobre as questões que envolvem a negritude. Isso torna o atendimento muito mais humanizado”, conta Igor.
Tentando auxiliar nessa aproximação, a plataforma do AfroSaúde reúne mais de 860 profissionais em aproximadamente 30 áreas, capacitados para atender os problemas que mais afetam esses pacientes, como doenças de pele, anemia falciforme, hipertensão e transtornos ligados à saúde mental. A ferramenta, que atualmente está em fase de teste, tem previsão de lançamento em julho.
Além de facilitar o encontro entre as duas pontas, o AfroSaúde promete ainda mecanismos de agendamento e pagamento online em uma espécie de consultório digital que favorece o contato entre médicos e pacientes.
Assistência integral à saúde negra
Enquanto a plataforma é testada, a AfroSaúde não para. Entre maio e agosto de 2020, Igor e Arthur criaram o TeleCorona, um serviço de atendimento gratuito para orientar moradores da periferia sobre os cuidados com a covid-19.
“Reunimos mais de 40 profissionais voluntários para atender ligações de segunda a sexta e tirar dúvidas sobre prevenção e tratamento da doença, auxílio emergencial e auxílio funerário. Conseguimos, também, implementar o atendimento psicológico, já que muitas pessoas estavam precisando dessa atenção para lidar com o luto e a perda de emprego. Em Salvador, foram mais de 400 famílias atendidas”, detalha Igor.
Entre as outras atividades do AfroSaúde, há ainda planos para a realização de uma feira de assistência à saúde em Salvador e outras capitais assim que a pandemia estiver mais controlada, participação em editais de fomento à pesquisa e atendimento a colaboradores de instituições do universo corporativo.
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